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Gare de Passageiros do Porto das Velas  |  São Jorge  |  Projecto 2014​, Construção 2017-18

 

A intervenção de que trata este projecto insere-se numa acção mais alargada de redimensionamento e actualização dos meios disponíveis para o tráfego marítimo de passageiros na Região Autónoma dos Açores, evidenciada pela recente aquisição de novas embarcações para as ligações inter-ilhas no Grupo Central e também pela ampliação dos molhes de protecção e rampas de apoio às operações de transporte de viaturas e construção de novas gares marítimas nos portos da Horta e Madalena, processo que se estende agora ao Porto da Vila das Velas na Ilha de São Jorge.

 

À data do projecto encontrava-se já realizada e em operação no Cais das Velas a nova rampa RO-RO, que é o modelo de infraestrutura comum aos vários portos da Região, dentro do programa de melhorias das condições de operacionalidade do trafego marítimo de passageiros e viaturas.

 

O programa para o novo edifício da Gare estabelece uma relação funcional em apoio a esta plataforma, constituindo os espaços necessários à operação nos mesmos moldes dos que encontramos actualmente implementados na Horta e na Madalena, embora condicionado pelo espaço disponível e pelo seu enquadramento em relação as aspectos funcionais e operacionais do porto, nomeadamente a movimentação de contentores e na relação com o espaço urbano da Vila, no que respeita à acessibilidade e parqueamento de viaturas.

 

Dentro dos condicionalismos referidos, a nova Gare implanta-se obliquamente à bordadura do cais existente, e perpendicularmente ao muro cortina, proporcionando assim o espaço amplo na frente da rampa RO-RO para a movimentação de contentores de 12 m, embarque e desembarque de passageiros e para a movimentação ordenada do acesso automóvel à plataforma de embarque.

 

Um parque de estacionamento automóvel e condições operacionais de circulação dos transportes públicos, taxis e autocarros só foram possíveis de obter pela re-organização do espaço da plataforma do parque de contentores, reposicionando alguns aspectos da práctica do seu uso,

 

Com esta opção torna-se necessário redefinir os acessos tradicional de passageiros e viaturas, obrigando no entanto a alargar a intervenção à demolição integral da rampa existente, o que por seu lado leva à necessidade de proporcionar uma via de acesso a pessoas com mobilidade condicionada com a construção de uma nova rampa adossada aos muros da antiga muralha.

 

Acresce salientar que esta solução vem trazer uma nova problemática de valorização de uma parte da antiga muralha defensiva da Vila, que passa a constituir com o respectivo portão o primeiro plano de leitura visual a quem desembarque.

 

A solução obriga também à demolição de uma parte do lajeado do piso do porto nas zonas envolventes da nova gare, posterior re-pavimentação, permitindo assim acertar cotas de soleira dos acessos ao edifício e nas relações com os pavimentos envolventes existentes. Desta operação resulta também a necessidade de recolocar o pavimento na zona de chegada da rampa pedonal e a limpeza do lajeado do antigo porto cuja apresentação se encontra bastante degradada.

 

Decorre ainda desta opção de implantação a separação de áreas funcionais na plataforma envolvente à gare de passageiros com a colocação de cancelas e alguns portões necessários à segurança das operações portuárias nomeadamente a circulação de pessoas e máquinas.

 

Na organização do espaço exterior circundante ao edifício, na zona reservada ao cais de passageiros, procurou-se integrar no espaço disponível a circulação pedonal, o estacionamento automóvel privado, de táxis e de serviço, uma faixa de paragem para carga e descarga de passageiros junto à gare, nas melhores condições de conforto e segurança.

 

A pavimentação com empedrado nas zonas de circulação de peões reforça uma intenção de afirmação dum percurso de acesso à vila onde se prolonga a sua presença qualificadora.

 

No projecto optou-se por dar destaque ao emprego da madeira de criptoméria, como produto característico da Região, tornando-se no material predominante no revestimento de paredes exteriores e das interiores das duas salas principais.

 

Outro aspecto a salientar prende-se com a inclusão de equipamentos de iluminação e ventilação natural, procurando minimizar custos de exploração e reduzir a “pegada ambiental” do edifício ao nível do consumo energético.

 

Assim integrou-se na cobertura dois ventiladores passivos auto-reguláveis sobre as salas principais, assegurando a renovação de ar necessária de forma controlada, sobretudo durante a época de calor, em que tradicionalmente temos as maiores taxas de ocupação nestes edifícios.

 

Também na cobertura integraram-se clarabóias especiais de iluminação natural, minimizando o recurso a iluminação eléctrica diurna.

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